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Toxicinética

[1,2,3,13,15]

ABSORÇÃO - DDT, DDE e DDD podem ser absorvidos após exposição inalatória, oral ou dérmica.

               

  • Via inalatória 

Esta via tem uma importância menor, uma vez que apenas as partículas suficientemente pequenas conseguem atravessar a traqueia e os brônquios. Assim, partículas maiores de DDT não conseguem alcançar zonas mais profundas do pulmão, ou seja, depositam-se na mucosa do trato respiratório superior, e são posteriormente deglutidas.

               

  • Via oral

Em humanos, a ingestão de DDT, DDE e DDD pode ser confirmada por medição da concentração destes compostos no soro e no tecido adiposo, sendo que o pico máximo de concentração no soro ocorre 3 horas após ingestão. 

 

Nos animais, a absorção gastrointestinal é evidenciada pela presença de metabolitos na urina, presença de DDT e metabolitos na bile e pela indução de tumores ou outros efeitos tóxicos. Estudos tem revelado que uma parte do DDT é absorvido diretamente para o sangue, no entanto, o uptake é maioritariamente feito pelo sistema linfático gastrointestinal. 

               

  • Via dérmica

É uma via muito limitada. Estudos de toxicidade aguda com diversas espécies demonstraram que a aplicação dérmica de DDT é menos tóxica que por via injetável.

DISTRIBUIÇÃO

 

O DDT e os seus derivados, DDE e DDD, são distribuídos por todos os órgãos do corpo, pela via linfática e sanguínea. São armazenados em maiores concentrações no tecido adiposo, uma vez que são compostos altamente lipófilicos. O uptake do DDT para os órgãos depende de vários fatores, nomeadamente do fluxo sanguíneo, do teor lipídico do tecido e do coeficiente de partição entre o sangue e os lípidos do tecido.

     

Utilizando o rato como modelo de estudo, verificou-se uma correlação direta entre a concentração de DDT no cérebro e os sinais clínicos produzidos após uma dose simples do inseticida. Estudos em humanos e animais de laboratório indicaram uma relação log-log entre a dose diária e a concentração de DDT e derivados no tecido adiposo. No entanto, se as doses forem constantes, a concentração de DDT atinge o equilíbrio no tecido adiposo e mantém-se relativamente inalterada.

 

METABOLISMO

 

A elevada solubilidade lipídica e a lenta metabolização do DDT causa o seu armazenamento no tecido adiposo, agravando as consequências nefastas nas populações expostas cronicamente.

   

O DDT é convertido em DDE,  um composto muito menos tóxico, por uma reacção de desalogenação.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Aparentemente, o DDE não sofre mais biotransformação e é acumulado no tecido adiposo, por tempo indefinido. Outra via de destoxificação do DDT é a descloração redutiva que origina o DDD, que posteriormente se degrada a DDA, solúvel na água e rapidamente excretado. Após as reações metabólicas de fase I, a maioria dos metabolitos do DDT formam conjugados com glicina, ácido glucurónico, entre outros, e são assim excretados.

 

Em diversas espécies de animais, incluindo o Homem, identificaram-se metabolitos metilsulfonicos que derivam do metabolismo do DDT. Estes metabolitos são tóxicos potentes, especialmente para a glândula adrenal.

Imagem retirada de Cassarett and Doull’s Toxicology: the basic science of poisons

ELIMINAÇÃO

 

O DDT pode ser excretado pelas fezes, leite materno e pela via urinária, que é a principal forma de eliminação.

 

A eliminação do DDT do organismo ocorre a um ritmo aproximadamente de 1% da quantidade armazenada por dia. O ritmo de eliminação e de depleção dos locais de armazenamento no organismo pode ser aumentado pelo jejum, o qual resulta na mobilização do tecido adiposo e do inseticida nele contido. Contudo, com um nível elevado de tóxico no organismo, há a possibilidade do aumento da toxicidade dos agentes em circulação, sendo redistribuído aos órgãos alvos.

Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Toxicologia Mecanística no ano lectivo 2013/2014 do Curso de Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP), Portugal.

 

Este trabalho tem a responsabilidade pedagógica e científica do Prof. Doutor Fernando Remião do Laboratório de Toxicologia da FFUP 

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